Deepfake e Uso Indevido de Imagem: Quando a Tecnologia se Torna uma Ameaça

Saiba o que é deepfake, como identificar o uso indevido da sua imagem na internet e quais medidas jurídicas tomar em casos de exposição indevida, montagens falsas ou conteúdos difamatórios.

Introdução

O avanço da inteligência artificial trouxe inovações incríveis — e também perigos reais. Entre eles, o uso de deepfakes e a manipulação indevida de imagens para fins maliciosos. Seja para difamar, extorquir, fraudar ou viralizar conteúdos falsos, a vítima pode sofrer consequências sérias, tanto emocionais quanto jurídicas. Neste artigo, explicamos o que é deepfake, como identificar o uso indevido de imagem e quais são os caminhos legais disponíveis.

O Que é Deepfake?

Deepfake é uma tecnologia baseada em inteligência artificial e aprendizado de máquina (machine learning), capaz de gerar vídeos e áudios falsos extremamente realistas, nos quais a imagem ou voz de uma pessoa é manipulada para parecer autêntica.

O problema surge quando essa técnica é usada para:

  • Criar vídeos pornográficos falsos com celebridades ou pessoas comuns.
  • Simular declarações públicas que nunca ocorreram.
  • Promover fraudes com vídeos de empresários, políticos ou influenciadores.

Uso Indevido de Imagem: Quando é Crime?

O uso da imagem de alguém sem autorização, especialmente com alteração do conteúdo, pode configurar diversas infrações, tais como:

  • Dano moral, previsto no art. 5º, incisos V e X da Constituição Federal.
  • Violação da vida privada, conforme o art. 21 do Código Civil.
  • Crime de difamação ou calúnia, se houver conteúdo ofensivo (arts. 138 a 140 do Código Penal).
  • Estupro virtual ou pornografia de vingança, no caso de deepfakes pornográficos (Lei 13.718/2018).

Como Identificar o Uso Indevido?

  • Aparecimento de conteúdo seu em contextos que você desconhece.
  • Marcação indevida em publicações.
  • Vídeos suspeitos circulando em redes sociais ou sites de conteúdo adulto.
  • Recebimento de mensagens anônimas com ameaças ou chantagens.

Quais Medidas Jurídicas Tomar?

  1. Preservação de provas: tire prints, salve links e registre os conteúdos em cartório ou por ata notarial.
  2. Notificação extrajudicial: ao provedor de internet ou plataforma que hospeda o conteúdo, com base no Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14).
  3. Pedido judicial de remoção do conteúdo e identificação do autor: com base nos arts. 19 a 22 do Marco Civil da Internet.
  4. Ação de indenização por danos morais.
  5. Ação penal, caso configurado crime.

Jurisprudência e Amparo Legal

“A utilização de imagem alheia em montagem pornográfica caracteriza dano moral indenizável, independentemente de comprovação de prejuízo material.”
(TJSP – Apelação Cível 100XXXX-87.2023.8.26.0000)

“O uso de tecnologia deepfake para fins difamatórios ou fraudulentos é conduta passível de repressão criminal e cível, nos termos da legislação vigente.”
(STJ – REsp 1.945.473/RJ)

Conclusão

A manipulação digital de imagens não é apenas uma ofensa à honra e à privacidade — é um crime. Com a popularização dos deepfakes, cresce também a importância de se proteger digitalmente e buscar amparo jurídico ao menor sinal de uso indevido da sua imagem. O combate ao deepfake é urgente, e o Judiciário brasileiro tem sido firme na responsabilização de seus autores.